Eusébio

Quando eu nasci ele já era uma estrela. Não tive o gosto de assistir a um jogo dele e nunca o vi jogar mais que alguns minutos, nas imagens que fui vendo nas notícias ao longo dos anos.

Quando eu nasci ele já era admirado, venerado e idolatrado. Adquiri este dado como uma certeza enquanto criança, mesmo sem o questionar. Depois fui criando a minha própria opinião das coisas e percebi que muitas delas podiam não ser bem como que contavam, mas esta era uma realidade indiscutível.
Mais que jogar futebol, ele ensinou-nos a gostar de futebol. Deu visibilidade mundial ao Benfica e a Portugal. Ensinou-nos a ter orgulho do nosso futebol, do nosso clube e do nosso país. Mostrou-nos que, também nós, podíamos chegar onde só chegam os vencedores e ser os melhores do mundo. Ensinou-nos a acreditar e nunca desistir. Ensinou-nos a ser grandes e, apesar disso, continuarmos humildes. Ensinou-nos a ser amigos. Ensinou-nos a gostar, a admirar, a unir pessoas, independente da raça, das crenças, do país, da idade e da opção clubística…
E é por tudo isto que aprendi a admira-lo e tenho muita pena de nunca me ter cruzado com ele, porque aí tenho a certeza que teria aprendido muito mais ainda. Mas, mesmo à distância, agradeço que alguns anos da minha vida tenham coincidido com alguns anos da vida dele. Porque há imagens que nunca se esquecem, porque há lembranças que nunca se apagam, porque há pessoas que se tornam imortais e o Eusébio é uma delas.

Eusébio da Silva Ferreira

(1942-2014)